Valongo era conhecido ( e ainda é) como a terra da regueifa. Sobrado, muito embora não seja conhecido pelo seu pão, também teve, outrora, os seus fornos bem acessos para a cozedura do pão. Faziam-no semanalmente, cozendo as suas broas, normalmente misturando milho e centeio, num ritual que se perdia nos horizontes da memória. Actualmente a tradição sobradense está a cair em desuso. Já não se acendem os fornos para cozer o pão e as novas gerações já não sentem o cheiro do pão acabado de cozer nas casas sobradense . Hoje em dia este ritual semi perdido acontece apenas a título de "brincadeira".
Foi assim que uma família sobradense se reuniu no passado fim de semana, sob o pretexto de o patriarca da família ensinar as gerações mais novas a fazer o pão e documentar em vídeo o evento para as gerações vindouras.
As lides que começaram no sábado à tarde, duraram até domingo à tarde, altura em que finalmente se meteu o pão ao forno.
Foram documentados todos os passos, todos os instrumentos utilizados e os costumes que envolviam a cozedura do pão. Nem mesmo o conhecido " bolo do ougado" faltou.
Ao blogue cabe agora documentar os passos desta lide e esperar que não caia no esquecimento geral esta tradição que documenta não só os trabalhos domésticos de uma época, como também seus hábitos alimentares.
Como tal, ao longo desta semana irão sendo documentados todos os passos e curiosidades que envolvem o pão sobradense .
Divagando pela internet descobri este texto na Wikipédia ( enciclopédia online). Dadas as últimas acções em terras sobradenses, perpetuadas por quem, em teoria deveria preservar o meio ambiente, achei que este texto tem todo o sentido. Assim passo a publicar aquilo que mais me chamou a atenção.
Abate de árvores
O problema associado ao abate de árvores é o abate desregrado e desenfreado e a ambição pelas áreas ardidas e matéria-prima. Se após o abate de árvores o terreno for abandonado, a reposição do equilíbrio pode demorar décadas, ou mesmo milénios. Se não forem tomadas medidas drásticas, cerca de um sexto das florestas mundiais desaparecerá até 2030.
a) Para urbanização As árvores são abatidas para construção de habitações, zonas de lazer (por exemplo, estâncias de golfe ou caça grossa) ou estâncias turísticas, muitas vezes sem um projecto de impacte ambiental devidamente formulado.
b) Para construção de infra-estruturas Se a urbanização provoca grandes danos na floresta, a construção de barragens, diques, estradas, pontes, etc. também pode levar a um desequilíbrio, algumas vezes irreversível, na floresta. A título de exemplo, na albufeira do Alqueva foram abatidas 1 milhão e 340 mil árvores: 544 mil azinheiras, 34 mil sobreiros, 133 mil oliveiras e mais de 100 mil árvores ribeirinhas (amieiros, salgueiros e freixos). Milhares de hectares de montados, áreas de azinhal reliquial, áreas de matagal mediterrânico e mais de 200 km de galerias ripícolas (vegetação ribeirinha) foram destruídos, locais onde existiam espécies únicas!
c) Para uso da matéria-prima A sobre-exploração da matéria-prima proveniente de certas espécies (como é o caso da madeira no pinheiro-bravo), para consecutiva utilização na indústria, é um dos principais motivos da desflorestação.
d) Para uso agrícola As árvores são incendiadas ou cortadas para ocupação agrícola, mesmo quando esses terrenos não são adequados para a agricultura. As monoculturas de cereais e outras plantas, para uso humano ou animal, são completamente artificiais, uma vez que resultam da destruição da floresta ((ecossistema natural)
Só acrescentava " por vontades estranhas a qualquer uma das hipóteses acima referidas".
Implicações ambientais:
A nível ambiental, o declínio florestal em Portugal diminui a biodiversidade, pondo algumas espécies em perigo e levando a que outras desapareçam por completo do nosso país.
As áreas que sofreram desflorestação rapidamente se tornam áridas, impedindo que as espécies nativas se "reinstalem" na região, dando lugar a vegetação de baixo porte ou à propagação de espécies de crescimento rápido, como é o caso do eucalipto. Por fim, a emissão de dióxido de carbono será maior, e também menor será o dióxido de carbono fixado pelas plantas e no solo, já que não existirão plantas para fazer a remoção do dióxido de carbono da atmosfera para a floresta.
A destruição da floresta leva ao desaparecimento da fauna e da flora dessa região, a uma elevada erosão do solo desprotegido, a uma modificação das bacias hidrográficas muitas vezes com grandes prejuízos materiais e mesmo de vidas humanas.
As alterações sofridas
A floresta portuguesa é característica de um clima mediterrânico e, em tempos idos, era constituída em larga escala por espécies como o carvalho-alvarinho, Quercus robur, o castanheiro, Castanea sativa, a azinheira, Quercus rotundifolia, o sobreiro, Quercus suber, o medronheiro, Arbustus unedo e a oliveira, Olea europaea sativa. Dessas áreas restam manchas florestais e das espécies apenas pequenas zonas ou núcleos. Da zona vegetal primitiva portuguesa resta a mata do Solitário, na Arrábida. Em todo o país, ao longo dos tempos, a floresta foi degenerando em matagal (maquis) ou charneca (garrigue), ou então sendo substituída pelo pinheiro-bravo, Pinus pinaster (30% da floresta) ou pelo eucalipto branco, Eucalyptus globulus (20% da floresta), que foram propagados em larga escala nos inícios do século XX.
O texto pode ser consultado na integra aqui http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta_portuguesa
A Junta de freguesia de Sobrado tem finalmente um lugar na Internet. Até bem pouco tempo era a única freguesia do concelho de Valongo que não tinha uma morada na internet, tardou mas finalmente apareceu.
Tem a sua morada aqui http://www.jf-sobrado.pt/ .O site que teve a sua génese em Junho, fala sobre as tradições, associações e eventos sobradenses, mas é principalmente uma porta aberta online a todos aqueles que estejam interessados em conhecer um pouco mais sobre a terra.
A sensibilização da comunidade escolar para as tradições locais e para a preservação das mesmas começou na passada semana a dar os "primeiros" passos.
Dando continuidade ao anterior texto ( desfolhadas) noticio hoje uma desfolhada na escola. Aconteceu na passada quinta feira na Escola EB1 e JI de Paço.
A necessidade de se sensibilizar as crianças para as suas próprias tradições e de a escola as valorizar tem um papel preponderante na formação cívica, social e cultural das crianças.
Através de actividades como uma simples desfolhada podem trabalhar-se ( quase em simultâneo )conteúdos tão abrangentes como partilha, relações sociais, educação para a cultura local, meio físico e social, educação matemática ( número, grupos), linguagem, expressão musical ( através das canções), expressão motora, expressão plástica ( desenhos, pinturas), educação ambiental ( reutilização de materiais)... Foi isso que aconteceu na escola de Paço, através deste currículo oculto, tenho a plena certeza que aquelas crianças ficaram a " saber" muito mais sobre as suas tradições e raízes do que num dia de aulas inteiro. É a velha máxima a funcionar " diz-me como é e esquecerei, mostra-me como é e aprenderei".
Uma iniciativa que ainda tem um grande caminho a percorrer mas que já deu um primeiro passo bastante seguro. Paço a passo vai marcando o compasso na sua busca e valorização das tradições locais.
Com o passar dos anos foram caindo em desuso, mas ainda me lembro de se fazerem algumas em Sobrado. Actualmente ainda se fazem, mas talvez por carolice e pela paixão de ainda se irem mantendo algumas tradições.
As desfolhadas, que se realizavam nesta altura do ano, juntavam vizinhos e família tornando a obrigação numa verdadeira festa.
O sistema era simples, as espigas colocadas no meio de uma eira com cestos estrategicamente colocados. Os trabalhadores colocavam-se em circulo, sentados ora no chão ora em pequenos bancos. Conforme desfolhavam as espigas, colocavam-nas nos cestos e o folhelho para fora da roda. A noite ( porque as desfolhadas eram tradicionalmente realizadas à noite) era animada pelos cantares típicos, e no caso de haver gente para isso por cantadores ao desafio.
As desfolhadas além de se organizarem numa estrutura de entreajuda entre famílias, tinham um importante papel social, pois era muitas vezes nas desfolhadas que se descobriam amores e eram permitidas certas ousadias como abraçar ou beijar ( na face entenda-se).
Estas ousadias eram permitidas graças à descoberta entre as espigas de milho, de uma espiga de milho vermelho, Milho rei, que, segundo a tradição implicava que quem o encontrasse se levantasse e desse um abraço aos convivas.
No final da desfolhada, e em casas mais fartas, servia-se aos trabalhadores água ardente ( bagaço) pão, sendo que em casos raros, biscoitos.
O associativismo juvenil tem ganho expressão por terras sobradenses, o que começou quase como uma brincadeira rapidamente ganhou adeptos de várias idades, tornando-se num verdadeiro fenómeno de massas.
Falo obviamente do grupo Sobrado BTT club, que este ano organiza mais um raid, o quarto mais especificamente.
O programa, bem organizado e apelativo promete ter muita adesão e " arrancar" muita gente de casa quanto mais não seja para aplaudir os participantes.
PROGRAMA - 4º RAID BTT - SBC Sobrado BTT Clube
Seg. 29 Out. (Centro Cultural de Sobrado)
21:00h: Abertura e Apresentação da Semana do BTT, Sobrado BTT Clube
21:30h: Conferência "Responsabilidade Social dos Utilizadores de Trilhos"
Ter. 30 Out. (Centro Cultural de Sobrado)
21:00h: Noite da Saúde. Podologia e Terapias de Saúde e Bem-estar
Qua. 31 Out. (Centro Cultural de Sobrado)
21:00h: Conferência "A Gestão do Esforço"
Qui. 01 Nov.
16:00: Magusto anual SBC
20:30: Percurso Pedestre Nocturno "Pelas Ruas de Sobrado"
Sex. 02 Nov. (Centro Cultural de Sobrado)
21:00: Workshop de Mecânica
Sáb. 03 Nov. (Largo do Passal)
21:00: Noite Cultural
Dom. 04 Nov. (Largo do Passal)
08:00: Abertura Secretariado e Recepção aos participantes Raid e Caminhada
09:00: Inicio Raid Nível 1 (15 Km) ao som de Bombos
09:15: Inicio Raid Nível 2 (35 Km)
09:20: Inicio Caminhada
10:00: Inicio Mini Raid (infantil)
12:30: Churrascada para todos os participantes
14:00: Tarde Cultural
Mais informações e inscrições em http://www.sobradobtt.com/
Sobrado tem mais um blogue. Chama-se Escola de Paço a Passo e tem a sua morada aqui http://escoladepacoapasso.blogspot.com/ .
Partiu da iniciativa já atrás referida de envolver a escola e a comunidade local, partilhando deste modo interactivo ideias, projectos, vivências e cultura local. A prova cabal que a escola não termina, (nem pode terminar) nos portões da escola e que todos temos algo a dizer e a acrescentar neste projecto.