Actualidades e curiosidades sobre a freguesia de Sobrado - Valongo

Quinta-feira, 12 de Julho de 2007
Lutas liberais II- continuação

OS COMBATES  DA FORMIGA (ERMESINDE – VALONGO)

Esta última coluna do exército liberal, que seguia pelo caminho da Formiga, era comandada pelo Coronel Hodges. Logo pela manhã, o Coronel Silva Fonseca já em Rio Tinto, perante o itinerário mais acidentado da Serra e, muito provavelmente, por ter divisado maior número de inimigos à sua esquerda, ordenou que algumas forças seguissem pela estrada de Baguim do Monte, e fossem reforçar as tropas de Hodges.
Mal estes soldados atingiam as primeiras colinas mais pronunciadas da Serra, talvez na área hoje ocupada pelos terrenos do Seminário do Bom Pastor (Formiga), na encosta do lado oposto ao edifício do Convento da Mão Poderosa, logo os absolutistas, em posição mais elevada do terreno e ocupando, por isso, as melhores posições de combate, começaram a disparar, obrigando a entrar também na luta as forças do Coronel Hodges, ao mesmo tempo que reforçavam com infantaria o seu ataque.
Segundo Domingos Oliveira Silva (O Convento da Mão Poderosa, p. 102), o flanco direito das forças de D. Miguel passa logo «a combater, numa frente que devia abranger a linha das alturas, actualmente ocupada pela estrada que liga o Colégio de Ermesinde [instalado precisamente no antigo edifício do Convento da Mão Poderosa] ao entroncamento do alto de Valongo».
Transcrevendo a Chronica Constitucional do Porto, o mesmo autor continua a descrever a batalha: «O combate assim começado tornou--se então geral entre o centro e esquerda da nossa linha (liberais), e a direita e o centro da do inimigo (absolutistas).
No prosseguimento das lutas, o centro principal das operações deslocou-se para o lado oposto do convento, embora no prolongamento da mesma linha:
Assim, o inimigo, forçado em flanco sobre a sua direita, e atacado vigorosamente pelo centro, foi desalojado sucessivamente dos bosques e ondulações do terreno, que porfiadamente defendia; e tendo perdido afinal a esperança de resistir por aquele lado lançou--se todo sobre a esquerda» (idem, p. 103).
Segundo as nossas fontes, o combate prolongou-se ao longo de 7 horas e, sem uma vitória clara e definitiva de qualquer das partes, a verdade é que provocou grande número de mortos e de feridos nos dois lados.

3.2. BATALHA
DA PONTE FERREIRA
(CAMPO
– VALONGO)

foto

As outras forças liberais, que passaram ao lado dos combates travados na Formiga, progrediram cautelosamente, ainda no princípio da manhã de 23 de Julho, até descobrirem as posições inimigas que se encontravam para lá do rio Ferreira, desde a região de Balselhas, onde estava acantonado o flanco direito do exército miguelista, até aos pontos mais elevados da Serra do Raio, esquerda das mesmas forças, excelentemente posicionadas e armadas para mais facilmente poderem repelir o ataque dos liberais.
Nem D. Pedro nem os seus oficiais desconheciam a superioridade numérica do exército inimigo que, além do mais, escolhera atempadamente as posições dominantes que ocupava, mas a bravura dos seus homens não lhe permitiu qualquer hesitação, nem a causa pedia outra atitude se não a de ordenar o combate que se impunha.
E assim, a coluna liberal que tinha progredido pelo centro, tomava posições ofensivas no Monte Calvário (S. Martinho do Campo), iniciando pelas 11 horas do dia 23 de Julho de 1832, o ansioso e vingativo tiroteio sobre os realistas que guardavam a Ponte Ferreira, cobrindo em simultâneo o movimento da força da esquerda que, situada em Balselhas, se preparava para atacar violentamente a direita do exército miguelista. Duas companhias de Infantaria 18, comandadas pelo Major Francisco Miranda, o Batalhão Francês sob o comando do Major Chichiri e o Batalhão Inglês do Major Shaw passaram a vau o Ferreira e fizeram recuar o flanco direito do inimigo.
Viu-se então Santa Marta obrigado a reforçar aquela ala do seu exército, que não conseguiu aguentar a pressão das baionetas liberais, com a transferência de homens do seu flanco esquerdo que obrigaram, por sua vez, os constitucionais a atravessar de novo o rio, acabando por ser atraídos a uma emboscada que lhes fora preparada por um esquadrão da Cavalaria de Chaves, fiel a D. Miguel. Muitas mortes então aconteceram quer do lado Pedrista, quer do lado Miguelista.
Também no centro, a violência do combate se mostrava trágica pelos cadáveres liberais e absolutistas que empilhavam a ponte que ninguém lograra passar completamente. O sangue fratricida tingiu as calmas águas do Ferreira que, indiferentes, procuravam caminho entre os corpos que, no seu leito, se amontoavam. Entardecia e o tiroteio esmorecia até que, com a noite cessou o combate. Antes, porém, quando os liberais já se lamentavam da derrota, o Tenente Manuel Tomás dos Santos vendo, do lado inimigo, uma coluna miguelista em movimento resolveu apontar a sua peça de artilharia que, com êxito, disparou pondo o inimigo em fuga. Lavou a honra dos liberais porque os absolutistas recuaram em direcção a Baltar, enquanto os Pedristas permaneceram nas suas posições.
Mas de pouco valeu aos liberais o sabor da vitória porque iriam viver ainda largos e penosos meses de fome, doença e morte antes que soasse o desejado grito de vitória decisiva que, finalmente, havia de libertar o País do jugo da usurpadora monarquia absoluta.

in http://www.avozdeermesinde.com/noticia.asp?idEdicao=105&id=3370&idSeccao=911&Action=noticia



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publicado por estoriasdaminhaterra às 14:26
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